Agora as roupas vão deixando de lhe servir aos poucos. Hoje umas calças. Ontem foi uma camisola interior. Um body. O gorro que já não passa na cabeça. A minha menina está a crescer e o tempo a passar.
Cada vez me afasto mais do momento do parto, que tanto custou, mas que não quero esquecer. Dizem-me que, eventualmente, todas se esquecem dos momentos difíceis do parto. Mas não sei como é possível apagar da memória as 23 horas (de muito sofrimento) que precederam o momento em que a vi, com os olhinhos inchados e o nariz que logo me fez lembrar uma foto do pai que vira em algum álbum de infância. É o teu nariz. Com a mania que as pessoas têm de dizer que as nossas feições nunca são nossas, mas de outra pessoa qualquer.
Cada vez me afasto mais do momento do parto, que tanto custou, mas que não quero esquecer. Dizem-me que, eventualmente, todas se esquecem dos momentos difíceis do parto. Mas não sei como é possível apagar da memória as 23 horas (de muito sofrimento) que precederam o momento em que a vi, com os olhinhos inchados e o nariz que logo me fez lembrar uma foto do pai que vira em algum álbum de infância. É o teu nariz. Com a mania que as pessoas têm de dizer que as nossas feições nunca são nossas, mas de outra pessoa qualquer.
Ela nasceu. Saudável, perfeitinha, bonitinha e, como se viria a comprovar mais tarde, calminha. Durante as aulas de ginástica pós-parto, quando a deixo com as amas que o centro disponibiliza para cuidarem dos rebentos, devo ser a única mãe que ainda nunca teve de interromper a aula para confortar o bebé chorão. Dá-me um certo orgulho e, confesso, alívio. Durante o primeiro mês foi difícil habituar-me à ideia de que agora já não sou só eu. Agora é ela. E depois eu. Isto se não vier outra coisa qualquer antes. Como a Família. Primeiro ela. Depois a família. Depois, então, eu. Admito que foram algumas as vezes em que me deixei vencer pela frustração. Mas à medida que ela cresce, que eu vou aprendendo os ritmos dela, que os vou acertando com os meus e fazendo uns ajustes, à medida que vou recebendo sorrisos marotos de quem só agora aprende a sorrir e lhe tento roubar mais alguns com piadolas sem jeito ditas com aquela voz que as pessoas fazem quando estão a falar com bebés, à medida que a roupa lhe vai deixando de servir e sinto que estou a criar um ser que vai aumentando de peso com o meu leite e que estou a conseguir fazer mais do que apenas ajudá-la a sobreviver, à medida que ela vai dormindo bem de noite e eu vou ganhando as batalhas do berço, à medida que tudo isto acontece, então todas as frustrações e inquietações se transformam nesta alegria inexplicável, nesta paz de espírito imensa de saber que a tenho junto a mim. E isto é tão bom.
Espero que a Hora da Sesta continue a proporcionar-te (e a nós) momentos como este, de boa leitura. Gostei muito. Fez-me lembrar quando os meus eram pequeninos. E como o tempo passa depressa. Continua. Vou ser tua leitora :-) Beijoca grande. Paula
ResponderEliminarVolta sempre, Paula! :) Um grande beijinho.
ResponderEliminarOlá Monia,
ResponderEliminarJá tinha ouvido dizer que escreves muito bem e após ler este teu blog reafirmo... Até fiquei emocionada... Parabéns e obrigada pela partilha... Beijinhos